Quem for em busca deste “bagrão” que é a cara do Rio Araguaia deve estar preparado. Confira um verdadeiro beabá!
Entre as caraterísticas mais marcantes das pirararas estão a coloração bem peculiar e a sua força. Pode atingir grandes proporções, chegando a 1,20 m e pesar 70 kg. Quando retiradas da água, emitem um som muito parecido com um esturro. Por conta desse som, eu tive o privilégio de uma passagem curiosa quando fiz a minha pescaria em um afluente do Rio Araguaia e ela começou a esturrar. Acontece que na margem oposta do rio uma onça ficou muito irritada, provavelmente confundindo o som com o de outra onça.
Nossa escolha da pirarara não foi mero acaso. Na certeza de que iria enfrentar um forte oponente, fui ao rio Araguaia, especificamente à Pousada Asa Branca. Se o pescador tem conhecimento das características dos locais em que cada espécie gosta de se abrigar no rio, fica -lhe bastante fácil a pescaria. Procure saída de lagos, de preferência com abundância de capim flutuante na margem, praias mais profundas, remansos, galhadas e sarã (vegetação comum nos rios da região norte do Brasil).
As iscas mais utilizadas são pedaços de peixes ou pequenos peixes inteiros. Nos pedaços, a parte que dá mais resultado é a cabeça. O pescador deve ficar bem atento, pois, quando lançada a isca no ponto escolhido, se tiver alguma pirarara por ali a ação não demora. Passados dez minutos no local sem nenhuma ação o recomendado é procurar outro ponto.
A puxada da pirarara é muito forte. Ela ataca a isca com determinação e, quando fisgada, põe toda sua força logo na primeira arrancada, tentando de qualquer maneira se livrar do anzol. E para isso se utiliza de toda a estrutura que exista no fundo do rio, principalmente as galhadas (locais de sua preferência), conseguindo assim se desprender do anzol ou romper a linha do pescador.
Nessa pescaria, não foi diferente. O placar chegou a 9 x 1 para elas! Isso mesmo: nove peixes fisgados e apenas um embarcado, e não se enganem aqueles que acharem exagero, pois, dependendo do nível d’ água, a situação fica realmente difícil.
Com o rio alto, o peixe fica com mais opções de esconderijo, muitas vezes nem dá tempo do pescador sentir a emoção da batalha. O peixe pega a isca e já corre para o enrosco. Quando fisgado, a linha já está travada, sem chance de sucesso, e com isso vem a dúvida. Pescar um pouco mais afastado do barranco onde as ações são em menor número, porém a chance de retirar o peixe aumenta, ou continuar próximo do barranco, onde a maioria das pirararas está?
Quando a captura se dá na praia, o jogo muda por completo, pois ali raramente o peixe encontra algum abrigo e a luta é limpa. Assim basta manter a calma e ajustar corretamente o equipamento para controlar o peixe.
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