Iniciativa, que será apresentada nesta quarta (27/5), prevê articulação de instrumentos de crédito e incentivo à construção de biofábricas
Com movimentação de R$ 675 milhões em 2019, um crescimento de 15% ante 2018, o mercado brasileiro de biodefensivos ganhará impulso oficial do governo federal com a adoção de um programa nacional para ampliar o uso de bioinsumos no país.
Será lançado nesta quarta-feira (27/5) o Programa Nacional de Bioinsumos, que prevê articulação de instrumentos de crédito ao setor e incentivo à construção de biofábricas no país. A iniciativa abrangerá não só controle de pragas e fertilidade do solo, mas outros insumos biológicos, como fitoterápicos veterinários e embalagens de origem vegetal.
“Estamos seguros de que, se implementarmos um programa focado em promover essas tecnologias aplicadas a nossa biodiversidade, explorando as potencialidades locais, sem dúvida vamos ser a referência mundial no segmento de bioinsumos”, assegura Mariana Vidal, coordenadora de bioinsumos do Ministério da Agricultura.
Embora tenham menor participação de mercado quando comparados com biodefensivos e biofertilizantes, esses insumos também foram considerados pelo Ministério da Agricultura na elaboração do programa. Segundo o diretor de inovação da pasta, Cleber Soares, o Brasil tem cerca de 40 milhões de hectares cultivados com uso de bactérias promotoras de crescimento, como biofertilizantes.
“Além de promover a redução de custo e melhor desempenho, aumentando a competitividade, estamos contribuindo para um processo altamente sustentável e descarbonizante”
Cleber Soares, diretor de inovação do Ministério da Agricultura
Mercado crescente
Embora tenham maior importância para o setor de produção orgânica, já que são a única opção para controle de pragas e doenças nesses casos, o uso de biodefensivos e biofertilizantes teve forte disseminação entre culturas tradicionais do país, tendo a soja e a cana-de-açúcar como principais destinos.
“Hoje estamos vendo que o bioinsumo está sendo uma alternativa para os agricultores de forma geral, seja para reduzir custo de produção ou melhorar condições do solo, sendo utilizado inclusive em áreas extensas de pecuária”, conta Mariana.
Em 2018, a CropLife Brasil, entidade que reúne empresas do setor de biodefensivos, ouviu 1.700 produtores rurais, de 15 Estados e 11 culturas diferentes, que haviam usado defensivos biológicos. De acordo com a pesquisa, 98% dos agricultores afirmaram que usariam defensivos biológicos novamente.
“A ideia é levar esse conhecimento para a maior parte dos produtores do país. Hoje, o Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial de adoção de biodefensivos, mas mais por questões de conhecimento do produtor”
Amália Borsari, diretora de biodefensivos da CropLife Brasil
Segundo a diretora de biodefensivos da entidade, Amália Borsari, a adoção dessas tecnologias ainda está concentrada entre produtores mais tecnificados, gargalo que o Programa Nacional de Bioinsumos pretende resolver.
Ela ressalta que o programa também deve contribuir para uma maior oferta nacional de produtos de base biológica diante do fomento à pesquisa e da proposição de um marco regulatório para o setor. Conforme a CropLife, existem hoje 319 produtos biológicos registrados no Ministério da Agricultura e 73 projetos relacionados ao tema na Embrapa.
“A gente sabe que hoje, no Brasil, a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos é muito proveniente da iniciativa privada, mas há necessidade de mais canais em prol da pesquisa pública”, ressalta a diretora de bioinsumos da CropLife Brasil.
Amália destaca, ainda, que o desenvolvimento de novas tecnologias de base biológica consomem cerca de cinco anos de pesquisa, com custos que chegam a US$ 7 milhões em alguns casos.
“Em um curto espaço de tempo, passamos por uma transformação gigante no segmento e, para que o produtor tenha acesso a todas essas informações, ele precisa de uma parceria pública de maior extensão”, conclui.
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