Pandemia derruba preços dos alimentos e economia mundial terá recessão em 2020, diz FAO

Medidas de contenção ao coronavírus implementadas em muitos países têm alterado oferta e demanda internacional

Os preços dos alimentos em todo o mundo caíram acentuadamente em março devido, principalmente, à redução na demanda como efeito da pandemia do coronavírus e à queda nos preços do petróleo causada pela desaceleração econômica.

O Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês), que acompanha mensalmente as mudanças nos preços internacionais de produtos, recuou 4,3% em relação a fevereiro.

O açúcar foi o item com maior queda, de 19,1% em comparação ao mês anterior. O motivo foi a menor demanda por consumo fora de casa, em razão das medidas de confinamento, e a menor demanda por produtores de etanol devido à forte queda nos preços do petróleo.

O preço do óleo vegetal medidos pela FAO caiu 12% em um mês, em consequência à queda nos preços do óleo de palma, associada à redução nos preços do petróleo mineral e às incertezas sobre o impacto da pandemia.

Também houve queda no índice de preços dos produtos lácteos (-3%), carnes (-0,6%) e cereais (-1,9%) em relação a fevereiro. Por outro lado, o arroz teve alta pelo terceiro mês consecutivo.

Recessão econômica

A economia global deve encolher 0,9% em 2020 devido à pandemia do coronavírus, segundo conclusão do novo relatório divulgado pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc, na sigla em inglês).

Antes do surto da doença, era esperada uma modesta expansão na economia mundial de 2,5% este ano, conforme relatado na Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2020. O estudo aponta que países que dependem particularmente das exportações de commodities enfrentam riscos elevados e a crise terá impacto adverso no desenvolvimento sustentável.

“O recente colapso dos preços globais de commodities está afetando as sombrias perspectivas fiscais de muitas economias exportadoras de commodities, muitas das quais ainda não se recuperaram totalmente dos efeitos posteriores do acentuado declínio dos preços de commodities em 2014-2016”

O relatório ainda cita que o cenário pode forçar muitos governos a reduzir drasticamente os gastos públicos em um momento em que precisam aumentá-los para conter a pandemia. Além disso, diz que o coronavírus pode comprometer esforços para erradicação da pobreza, retardando as metas para o desenvolvimento sustentável.

“Uma economia devastada pela pandemia que interrompe coloca em risco o emprego de muitas pessoas – na forma de renda mais baixa, menos horas de trabalho remuneradas ou desemprego total. Sem o apoio imediato do governo, as famílias poderiam cair rapidamente na pobreza, revertendo os ganhos passados”, afirma o documento.

Cooperação internacional

O relatório ressalta ainda que entidades multilaterais, incluindo o FMI e o Banco Mundial, já disponibilizaram recursos significativos para apoiar países que enfrentam restrições e desafios significativos de recursos ao lidar com as consequências da pandemia.

Os preços do petróleo caíram para o nível mais baixo em quase duas décadas, à medida que a demanda mundial se enfraquece em meio às crescentes restrições de viagens. As divergências de produção entre Rússia e Arábia Saudita estão aumentando a alta incerteza no mercado global.

“Os preços do petróleo caíram mais da metade no mês passado, o que catalisa um grande impacto sobre os biocombustíveis, que são uma importante fonte de demanda nos mercados de açúcar e óleos vegetais”, disse Peter Thoenes, analista da FAO.

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3 de abril de 2020 13:23

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