Reação sobre desmatamento no Brasil é “desproporcional”, diz secretário do Mapa

Orlando Leite Ribeiro, da área de Comércio e Relações Internacionais, chamou de “hipocrisia ambiental” forma como países europeus têm tratado o tema

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, classificou de “desproporcional” a reação de países europeus ao aumento do desmatamento e de focos de queimada na Amazônia e no Pantanal nos últimos dois anos e chamou de “hipocrisia ambiental” a forma como eles têm tratado do tema.

“Isso aqui não era uma preocupação em anos anteriores, onde a situação era muito pior. Os números de 2019 e 2020 estão abaixo da média histórica”, apontou o diplomata durante evento organizado pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (29/9).

Segundo Ribeiro, os números de desmatamento e queimadas no Brasil ganharam evidência, “em primeiro lugar, porque assinamos um acordo com a União Europeia, que é um país (sic) em que a agricultura é extremamente protecionista e que reagiu atacando a agricultura brasileira como se a agricultura fosse responsável por mudanças no meio ambiente”.

“Então, se houvesse realmente uma preocupação com o meio ambiente, esses países deveriam estar mais preocupados em acertar a matriz energética deles”, completou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

Sob medida

Nos últimos dois meses, duas consultas públicas para projetos de lei que endurecem os requisitos ambientais para a importação de produtos agrícolas foram apresentadas na Europa

“Nossa proposta tornaria ilegal para grandes empresas o uso de commodities de risco florestal que não tenham sido produzidas legalmente, e essas emrpesas precisariam tomar medidas para mostrar que adotaram ações para garantir que isso esteja ocorrendo”, afirma o texto da consulta pública aberta em agosto no site do Departamento Britânico de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais.

No parlamento europeu, uma consulta semelhante, para “reduzir a pegada de carbono da União Europeia e incentivar o consumo de produtos de cadeias de abastecimento livres de desmatamento”, foi aberta no início de setembro.

Na avaliação do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, as leis foram feitas “sob encomenda para o Brasil”. “Se essas legislações entrarem em vigor, terão como resultado a anulação de ganhos que conseguimos com o acordo [Mercosul-UE]. Quer dizer, eu não posso dissociar uma preocupação da outra, quando vejo que essas legislações não tratam, por exemplo, de maneira desigual países que têm matrizes energéticas distintas”, apontou Ribeiro

Linha de tendência

Apesar das críticas em relação à pressão internacional contra o aumento do desmatamento no Brasil, Ribeiro reconheceu que o Brasil enfrenta problemas nessas questões. Segundo ele, o governo trabalha para evitar que os números registrados em 2019 e 2020 não se convertam em uma “linha de tendência”.

“O Brasil está, sim, preocupado em evitar que os números registrados neste e no ano passado se tornem uma tendência. Criamos, inclusive, o Conselho da Amazônia, presidido pelo vice-presidente (Hamilton Mourão) e que congrega vários ministérios, cada um tomando iniciativas dentro da sua própria área”, explicou o secretário.

No caso particular do Ministério da Agricultura, Ribeiro afirma que a pasta tem atuado para avançar na regularização fundiária no país e pediu tempo para a implementação dos programas e propostas até que haja resultados. “É preciso que a gente tenha tempo”, disse.

Segundo dados do Ministério da Agricultura apresentados pelo secretário, terras não tituladas apresentam 137% mais desmatamento no país. “Não estou dizendo que o Brasil é um paraíso agroambiental, mas estamos à frente de muitos outros países”, concluiu o diplomata.

 

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28 de setembro de 2020 19:54

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