Deixar a água ferver é um erro grave durante o preparo do café
O café é uma das bebidas mais populares do mundo. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o café em pó está presente em mais de 80% dos lares brasileiros. No entanto, segundo especialistas do setor, o preparo da bebida deixa a desejar.
Everton de Almeida Mori, barista do café Santa Monica, afirma que ainda são cometidos muitos erros no preparo do café. “Existem técnicas que deixam o café mais saboroso”, diz Mori. Os deslizes vão da temperatura da água até a vida útil do coador, detalhes que, segundo o barista, prejudicam o sabor da bebida.
Ferver a água queima o café
A fervura da água é o principal erro cometido pelos brasileiros na hora de preparar o cafezinho. Na maioria dos lares, o comum é deixar a água no fogo até ferver, mas o ideal é não deixar a água passar dos 90 graus. A dica do barista é tirar a água do fogo quando começarem a sair as primeiras bolinhas. “Quando a água é fervida ela perde todo o oxigênio e quando jogamos no café, o pó acaba queimando”, conta Mori. Segundo o barista, a falta de oxigênio vai interferir na qualidade e no sabor, deixando o café mais amargo. No caso das cafeteiras, elas já são programadas para aquecer a água sem ultrapassar os 90 graus.
Cuidados com o coador
Poucas pessoas têm o costume de limpar os filtros, seja de pano ou papel, antes do preparo do café. De acordo com Mori, a higienização correta do coador garante um café com sabor mais puro. O barista diz que o ideal é passar água quente no filtro antes do preparo da bebida para tirar qualquer resíduo que possa ter ficado no objeto. Outra curiosidade em relação aos coadores é a vida útil. Segundo o especialista, é recomendável trocar o filtro de pano a cada 15 dias.
As medidas do café
O gosto por um café fraco ou forte pode variar de acordo com o paladar de cada pessoa. Mas, os especialistas em café, trabalham com a medida padrão de 100 mililitros de água para 10 gramas de pó de café. Segundo Mori, o resultado é um café equilibrado, independentemente da marca ou qualidade. “Quem gosta de um café mais fraquinho pode colocar 100 mililitros de água e cinco gramas de café e quem gosta mais forte pode dobrar a medida do pó para 20 gramas”, explica o barista.
Como guardar o café?
É muito comum ter em casa aqueles potes decorativos onde se armazena o café, mas o correto é deixar o pó dentro da embalagem original. O barista Everton Mori explica que o papel laminado das embalagens evita a oxidação, que causa a perda de aroma e sabor do café. “Em vez de ficar com um aroma mais intenso, o café pode ficar com um aroma de café passado”, diz o especialista.
Mori aconselha manter o pó no pacote original e colocar a embalagem num pote a vácuo para conservar ainda mais o produto. Outra dica que pode garantir uma bebida de melhor qualidade é ficar bem atento ao prazo de validade. Após a abertura da embalagem, é indicado consumir o produto em no máximo 15 dias. Não há problema em guardar o pó na geladeira, mas caso ele não seja fechado direito existe o risco de o produto ser prejudicado pela umidade.
Tipos de preparo
O processo em que se mistura água quente e o pó de café é chamado de infusão. Segundo a Abic, ele pode ocorrer de quatro formas distintas e cada uma delas produz uma bebida diferente. No método de filtragem, bastante conhecido pelos brasileiros, o pó de café é colocado em um filtro de papel ou de pano e a água quente é adicionada, preparando assim o café coado. Outra forma de preparo é o da percolação, popular na Europa. Com este método, o café é preparado no equipamento moka, ou cafeteira italiana. O pó de café fica em um funil dentro da cafeteira, enquanto a água fica num recipiente abaixo deste funil. Quando aquecida, a água entra em ebulição, pressiona o café, a mistura passa por um filtro e o café fica pronto no recipiente superior do equipamento.
Outra opção é o método de prensagem, preparado na prensa francesa, que é o modo de preparo mais utilizado pelos norte-americanos. O pó de café e a água quente são misturados e a infusão descansa por alguns minutos no recipiente de vidro da prensa. Depois, o café é filtrado por meio de um êmbolo com filtro, que deve ser pressionado delicadamente.
Há ainda o café feito por pressão, método de preparação do café espresso. Neste caso, o café é moído e colocado no filtro da máquina de espresso, que recebe uma pressão de nove quilos e água aquecida a 90 graus durante aproximadamente 30 segundos.
De onde vem o café extraforte?
A primeira curiosidade sobre o café extraforte é que o barista Mori não aconselha o consumo de cafés dessa categoria. Ele explica que passou a rejeitar esse tipo de café depois que descobriu como ele era feito. “O extraforte na verdade é um refugo, são aqueles grãos de café quebrados, brocados e com muito menos qualidade que um café tradicional”, explica o barista. “No mercado é possível encontrar café tradicional em grãos, mas o extraforte você nunca vai encontrar em grãos.” Ainda segundo o especialista, como os brasileiros apreciam um café mais forte, o mercado consegue reaproveitar esses grãos que não servem para a produção de uma bebida de qualidade.
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